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  • edulacava La Cava

Cuidados com os Ambientes das Locações

Atualizado: 2 de jun.

Captação de som - cuidados com os ambientes das locações



Dicas / Som

Em tempos de cuidados com o ambiente, logo o que vem à mente é algo sobre o NOVO CORONA VIRUS, mas só que não neste artigo, aqui falaremos dos cuidados que temos que ter para realizar uma captação de Som durante um processo de filmagem de qualquer produto audiovisual.


Mas o que proponho falar hoje nesse texto são os efeitos do meio ambiente (locações) sobre a câmera, mais especificamente sobre o áudio, sobre o microfone ou microfones no set de filmagem, em qualquer tipo de set de filmagem, do mais complexo ao mais simples o problema é o mesmo. A discussão é válida não somente para o microfone da câmera, mas para qualquer tipo de captação sonora empregando microfones.


Captação Com BOOM - Praia e Vento


Em um ambiente ideal para o som, é que não haja "poluição": a ideia por trás disso é que em um ambiente ideal para o som, não existam “ruídos”, sons indesejados. Sons indesejados são todos aqueles sons que não estejam inerentes a imagem, ou seja, sons que não fazem parte diegética do filme ou barulhos externos que não ajudam a contar a história. Ter esse controle é muito fácil em um estúdio, mas do lado de fora dele, as técnicas ajudam, mas não evitam a presença desses sons indesejados. Os famosos RUÍDOS.


Vejamos um exemplo bem simples, mas que ilustra bem o assunto: o som de uma geladeira funcionando. Como cada um de nós muito provavelmente tem um aparelho desses em nossas casas, a não ser que o mesmo esteja emperrado, pedindo consertos urgentes, emitirá um som baixo, característico de todos aparelhos normais desse tipo. Na maior parte do tempo, não nos damos conta do ruído gerado pelo aparelho, apesar de estar ligado. Assim também não nos damos conta do ruído das ventoinhas do computador (de novo, considerando-se condições normais de funcionamento), nem das saídas de ar condicionado, nem dos aviões que passam distantes, nem do barulho do tráfego do lado de fora da janela, para não dizer que nosso cérebro pode muitas vezes ignorar até o barulho de buzinas e sirenes, se estes forem frequentes em determinado local. Como esses ruídos não nos interessam, nosso cérebro consegue uma forma de "filtrá-los" de nossa percepção.

Porém o mesmo não acontece com os resultados gravados desses sons. Após a gravação, uma pessoa ao assistí-la, se não estava no ambiente onde se fez o registro sonoro e, principalmente, se este ambiente tem um ruído de fundo estranho a seu dia a dia, fatalmente perceberá todos esses sons.


O que se coloca então é: são eles desejados na gravação? O que seria perdido em termos de fidelidade de reprodução da atmosfera de um ambiente de bar sem o ruído dos copos chocando-se, o burburinho das pessoas, risadas, música ao longe, etc...? Por outro lado, em uma situação de entrevista por exemplo, pode ser desejado um ambiente sonoro limpo, calmo e tranquilo. É aqui nessa fase que nossos ouvidos nos traem. Acostumados ao ruído do dia a dia, precisamos desligar em nossos cérebros o "filtro" automático dessas frequências sonoras. Uma dica para fazer isso e, no local da gravação, na fase de estudo da locação, fechar os olhos e, em silêncio, prestar atenção em todo som que chega até nossos ouvidos. Você ficará impressionado, depois que acostumar-se com a técnica, com a quantidade de sons que antes você imaginava não existir no local.

 

O próximo passo é ir em direção a eles e tentar solucionar caso a caso cada um desses ruídos. Determinado aparelho pode ou não pode ser desligado? Talvez um aparelho de ar condicionado possa ser parado por alguns minutos, exatamente durante o registro das imagens e sons. Talvez uma janela possa ser fechada, ou então a locação possa ser ligeiramente mudada de local, ainda dentro desse ambiente, para uma posição onde as paredes ajam como filtro desses sons. Ou então a hora do dia onde o registro será feito pode ser mudada, ou até mesmo o dia da semana. Aí é que entra a famosa Visita a locação ou Tech-Scout,


VISITAS A LOCAÇÃO - TECH SCOUT


As Visitas as locações ou Tech-Scout, são parte fundamental para o sucesso da captação de som em locações de externa, vou contar uma pequena história aqui do que aconteceu comigo durante as filmagens da novela VERDADES SECRETAS em que gravei, estamos no último dia de gravação da novela em SP, (ficamos lá por cerca de 30 dias) e tínhamos uma noturna para fazer num bairro de casas geminadas em SOROCABA-SP, uma cena teoricamente simples de um pai encontrando a filha na porta de casa e conversando sobre a ida dela para capital SP para trabalho, pois bem, tudo pronto, ensaiado e no RODANDO, eis que me surge um barulho ao fundo de um trem se aproximando e apitando, na mesma hora o diretor cortou a cena e começamos a aguardar a passagem do danado, bem foram os 7 minutos mais longos da história. O trem em questão que transportava minério de ferro era enorme, demorou mais outros 7 minutos para que o som dele deixasse o local e pudéssemos retornar a filmar, bem, o que quero dizer com isso é que se a produção tivesse feito uma visita a locação na noite anterior, talvez tivéssemos percebido um trem se aproximando e passando, já teríamos calculado esse tempo e a direção poderia se planejar para fazer outra montagem ou imagens que não necessitassem de som direto.

 


Foto: JOCIMAR CARDOZO - TuTu


GRAVANDO O AMBIENTE


Um dica importante é fazer (gravar) sempre um som ambiente da locação, solicitar ao diretor um minuto de silêncio e rodar o gravador de áudio gravando 1minuto daquele ambiente para poder ser usado na pós-produção pelo editor de som direto, ajudando na passagem dos cortes da cena, evitando ou diminuindo os saltos de áudio entre as falas durante o processos de finalização do som. Outra situação que enriquece muito o som na finalização é gravarmos sons ambientes de todas as locações e ao redor delas, ou seja se estivermos numa viagem filmando, geralmente nos dias de folga das equipes, o tec de captação de som sai para fazer gravações específicas de sons da região, por exemplo: bares em cidades de interior são ótimos para enriquecer alguma cena, regiões de mata, são ótimos para gravarmos os ambientes desses lugares podendo ser usados em diversas cenas, e como digo, a imaginação é seu limitador, se vc pensar em fazer um banco sonoro para você não depender de bancos de sons pagos e com mesmo som de outro filme, você poderá fabricar o seu próprio banco sonoro e sim enriquecer ainda mais com sons personalizados o filme ou um simples vídeo para a internet.


 

Saiba mais sobre SOM para TV, CINEMA e Outras Mídias

 

Mas voltando aos sons ambientes indesejados, temos algumas soluções para problemas sem solução, ou seja, imagine você dentro de uma sala ampla e fechada, com paredes vivas(sem quadros), refletindo o som captado e gerando o famos ECO ou reverberação que é a soma dos sons que saem da boca da pessoa e encontram as paredes, o chão ou o teto, refletem-se nesses locais e acabam chegando ao microfone e você tentando fazer uma cena de duas ou mais pessoas conversando ou simplesmente na mesma sala tentando fazer a captação de uma entrevista, o que fazer diante de tamanha bagunça sonora. O mais recomendado nessa situação é usar um microfone direcional hiper cardioide (BOOM) bem próximo da fonte sonora, ou seja, da boca do talento ou entrevistado, assim evitando pegar o reflexo dos sons que virão de diferentes lugares da sala.



Outra alternativa que devemos usar é o uso de mantas de sons para salas, quartos e principalmente banheiros, uma manta de som pode ser colocada no chão (fora do enquadramento de câmera) outra colocada na parede atrás da câmera (fora do enquadramento de câmera) e ainda no Teto (fora do enquadramento de câmera), assim no caso de um banheiro, retiramos por quase completamente as reflexões e temos um som captado “bonito” e podendo ser trabalhado na edição de som mais facilmente e o mais importante podemos dar a reflexão (reveb) que quisermos usando os plug-ins com parâmetros que melhor atender ao diálogo daquela cena sem termos que corrigir nada, assim o tec de mixagem dará o “tom” que ele acredita ser o melhor para aquela cena.


O microfone de lapela é uma boa alternativa em ambientes com acústica ruim, mas devemos nos ater para o padrão polar desses microfones, geralmente omini-direcionais, esses microfones captam o som ao redor do talento ou entrevistado. Assim, devemos ouvir com clareza o que o microfone está captando para fazermos a escolha correta para cada situação.

Outra situação é quando os sons indesejados não são oriundos fora do contexto da cena como por exemplo: vento forte, latidos de cães, máquinas ao longe, e a famosa MAKITA, sim, a makita é a pior inimiga do tec de som, cobrindo todo o espectro de 20hz a 20khz, a makita é a campeã de problemas gerados nas externas, cabendo a produção tentar resolver junto ao operador da máquina uma pequena interrupção para podermos realizar a gravação, caso não possamos interromper o uso da makita, o que sugiro é gravarmos esta cena após o horário de trabalho do operador da maquina ou se não puder, gravarmos toda a cena sem corte, colocando o microfone hiper-cardióide numa posição que diminua a intensidade do barulho e solicite ainda ao talento ou entrevistado para que projete mais a sua voz, fazendo com isso que a voz fique com mais presença que o barulho e na pós-produção consigamos amenizar um pouco esse som para que seja utilizado, em última alternativa, dublaremos a cena. Sobre dublagem falaremos em outro momento.

 



Alguns cuidados com o BOOM devem ser seguidos, o melhor dos mundos, (estúdio) geralmente não precisamos usar nenhum acessório no BOOM para que ele esteja sendo operado, mas em situação de externa aonde não controlamos o ambiente, devemos usar um Wind-screen para amenizar algumas passagens de vento indesejadas em outros casos além do Wind-Screen um Blimp (zepelim) ou ainda em situações de praia um Wind-Jammer (Priscila) que proteje de rajadas fortes de vento.








Assim como nos ShotGun (BOOM), os microfones de lapela também têm seus acessórios para proteção contra vento e efeitos de ruídos ou barulhos pertinente ao corpo dos talentos ou entrevistados. Mas sobre isso teremos um capítulo dedicado aos microfones de lapela.





São inúmeras as situações, como as descritas acima, onde pode-se notar o poder de interferência do meio ambiente nas gravações. Interferências muitas vezes ignoradas por nós, com nossos filtros cerebrais automáticos tentando a todo momento fazer o que gostaríamos que os equipamentos fizessem sozinhos: eliminar o indesejado.... talvez algum dia o poder dos processadores permita isso, mas enquanto esse dia não chega, cabe a nós treinar nossos ouvidos e aprender técnicas para apurar cada vez melhor as gravações de SOM.

 

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