O BOOM do Áudio
dicas / Lasca Sound
Geralmente, nas nossas vidas o nome da marca passa a ser referência do produto. Acontece isso, por exemplo, com o CATUPIRY, que é marca e não o produto REQUEIJÃO. Outro exemplo é BOM BRIL, que na verdade é uma esponja de aço – lógico, com mil e uma utilidades! - Esse artigo traz algo bem semelhante, embora o nome não seja uma marca e sim uma haste......
O nome correto do microfone é Mic Hipercardióide, um equipamento de característica diferente dos demais. Na forma de um longo tubo, que rejeita sons provenientes das laterais e/ou fora da área de alcance da sensibilidade da cápsula, tudo está relacionado com o tamanho do tubo no qual a cápsula foi construída, ou seja, o tamanho do tubo incide diretamente na área de atuação do microfone. Hoje em dia, com a tecnologia de microfones se aperfeiçoando, temos alguns bons exemplos como o DPA 4017b, que tem um tubo curto e uma direcionalidade incrivelmente pequena, dando ao operador de microfone leveza em suas mãos e conforto na operação.
O microfone hipercardioide (ou tipo ShotGun ou simplesmente BOOM), composto de uma haste longa feita de alumínio ou fibra de carbono, se estende por cima de um público (atores) que recitam seus textos e/ou diálogos. O BOOM capta o que nós técnicos de som consideramos o melhor som de microfone que existe, conseguindo trazer todas as nuances da interpretação do ator, os mínimos detalhes de sons existentes numa cena e a voz limpa, encorpada e contendo todas as características do ator em cena.
A maior dificuldade deste microfone é sua operação e sua indução de ruídos. Para melhorarmos isso, usamos um suporte (PistolGrip) em formato de pistola, que pode ser facilmente adaptado na haste (vara). Podemos também usá-lo facilmente na mão, já que o equipamento possui uma pegada parecida com um revólver - daí o nome PISTOL GRIP. Neste suporte, ele ainda recebe um encaixe de microfone envolto por elásticos para assim evitar a indução de ruídos. Outra fonte de indução de ruído no BOOM são o cabo e conector. Podemos prendê-los para evitar essa indução. Hoje em dia, com o maior uso de equipamentos com RF’s (rádio-frequência), o uso de cabos na haste ou vara de BOOM é menor, podendo ser evitado o problema de indução. Em contrapartida, geramos outros tipos de problemas relacionados a RF’s (radio frequência).
Até hj não encontrei nenhum substituto para o microfone boom, mas realmente estou impressionado com o microfone lapela (lavalier) DPA 6060, microfone que tenho usado em algumas produções que tenho feito. O DPA 6060 mostrou-se um lapela que tem um sinal ruído muito baixo e privilegiando o som mais próximo de sua cápsula, geralmente a voz do ator. Assim sendo, ele consegue rejeitar muito os ambientes externos e tem ainda a capacidade de captar toda a faixa dinâmica da voz humana, transformando-se então no meu “melhor segundo” microfone de cena. Sim, eu uso dois microfones para o mesmo ator: um microfone de lapela e outro BOOM (shotgun). Gravando em pistas diferentes, terei sempre uma segunda opção de captação na pós-produção, dando liberdade ao Editor de Diálogos para decidir qual microfone usar. Mas, geralmente, a preferência mundial é pelo BOOM.
DOS MODELOS
Aí é que eu fico desesperado: em se falando de microfones, a métrica de ˜vale quanto pesa” cabe perfeitamente. Posso até ser louco ao dizer que o microfone mais caro é o melhor, mas em 99,9% dos casos é o que ocorre. Tanto é verdade que não costumo olhar para os microfones de baixo custo, Até a PANDEMIA do COVID-19, o meu “mindset” era apenas olhar para algumas marcas que já tinham nomes e que eu já conhecia, como Sennheiser, DPA, SHURE, Audio-Technica, SANKEN etc, mas o restante nem passava na minha cabeça. Com o desafio de 2020, artigo em que falarei mais pra frente aqui no blog, tive a necessidade de olhar outros microfones de custo baixo ou baixíssimo e pude experimentá-los.
Mudei radicalmente meu olhar sobre os microfones de baixo custo. Tive a oportunidade de experimentar o BOYA, marca Chinesa que entrou frenética no Brasil e atinge um público iniciante. Na mesma linha vem a SARAMONIC, competindo lado a lado com a BOYA na disputa por um mercado ainda esquecido pelas grandes marcas. Me fiz uma pergunta: por que não usar um microfone desses para realizar uma captação e “ouvir”, “sentir” o resultado? O nosso Mercado Livre está aí e fui atrás de 2 microfones desses, um custando por volta dos R$ 100,00 e outro por volta dos R$ 420,00. Para minha surpresa, tive ótimos resultados com eles, assunto que tratarei em um próximo artigo. Voltando à nossa experiência, que chamei de “Menos por Mais”, focarei nos modelos de microfones BOOM Hipercardióide que mais uso; Sennheiser linha MKH, 40, 50, 60 e 70. O que os diferencia é a abertura, ou seja, o ângulo de abertura de captação. Quanto menor o número, mais aberto é esse ângulo.Gostaria de citar também o Microfone DPA 4017b, um ShotGun de +/- 110g de peso e com tamanho de 22cm. Com características de um microfone bem fechado e podendo ser usado em diversas situações, o DPA 4017b um verdadeiro sniper, podendo ser tão preciso quanto o MKH 70 da SENNHEISER e ainda ser perfeito como MKH 60 da própria SENNHEISER. Gosto muito dele, apesar do seu preço de quase U$ 1.450,00. Não podemos nos esquecer do SCOEPS CEMIT U-5000 que além de leve, traz uma característica na sua cápsula que deixa a voz um pouco mais “aveludada” e mais bonita junto aos ouvidos. O que deixa a desejar é o preço, que chega aos U$ 2.300,00.
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PREFERÊNCIA
O Microfone BOOM, como é mais conhecido o nosso Hipercardióide, ganhou a preferência entre os técnicos de captação de som e os técnicos de pós-produção devido à sua característica de cápsulas e membranas. Ele traz uma resposta muito parecida com a naturalidade das vozes captadas, retratando o brilho e ao mesmo tempo o grave de cada voz, passando uma sensação de que o ator está realmente ao seu lado - o que chamo de veríssimo - dando maior credibilidade e verdade ao produto audiovisual.
Os microfones ganham, a cada dia, uma maior tecnologia embarcada, deixando-os mais robustos do que no passado. Porém, suas características de respostas de frequências e capacidade de captar todos os timbres de vozes na condição de quase perfeição da vida real é oriunda de um tempo onde os microfones BOOM eram sempre a melhor escolha numa gravação de diálogos.
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