O QUE É ADR?
ADR é uma área menos conhecida da engenharia de som. Mas as primeiras coisas primeiro. O que significa ADR?
ADR significa Automated Dialogue Replacement. É uma arte de substituir o som da produção por diálogos regravados em um ambiente de estúdio.
Às vezes, gravando diálogos para filmes de animação ou um videogame que ainda chamamos de ADR. É uma forma padrão de abordar uma gravação de diálogo na indústria. A maneira correta de descrever ADR é uma substituição real do diálogo com o mesmo conteúdo, mas com uma gravação diferente.
Em algumas produções, ADR pode substituir até 60% do diálogo original.
Sim, é verdade.
Não gravamos tudo em um set, desculpe. Por que é tão importante e por que precisamos disso? Nas próximas etapas, tentarei explicar a função do ADR.
SELECIONANDO OS DÍALOGOS
ADR pode ser caro, e tanto o diretor quanto os atores tentam evitá-lo o máximo possível.
Por quê?
Primeiro precisamos entender por que precisamos disso. Imagine uma cena onde os personagens principais estão conversando numa calçada numa rua agitada.
A calçada fica localizado no centro do Rio de Janeiro.
Quando você ouve as gravações, pode ouvir aviões passando ao fundo, carros, muitos pedestres e muitas buzinas também. É impossível livrar-se desses sons, então ADR é necessário. Essa situação é um dos muitos exemplos de porque o ADR pode ser a única resposta para seus problemas. Gravações barulhentas, equipamento defeituoso ou Técnico de som inexperiente podem causar mais do que uma dor de cabeça durante uma produção movimentada.
Um editor de som verificará todas as gravações no set e compilará uma lista de recomendações ADR. É crucial que todos os sons defeituosos sejam regravados na primeira vez.
Por quê?
Todo o processo acontece muito depois do final das filmagens. Os atores podem já estar trabalhando em alguns outros projetos. Levá-los de volta ao estúdio custa muito dinheiro. É importante lembrar que às vezes o diretor decidirá seguir com o som original (para desespero do Editor de diálogos). Mesmo que a gravação seja ruim. O desempenho sempre terá prioridade sobre a qualidade.
Nessa analogia, passei por isso com o diretor Luiz Fernando Carvalho na mini-série Hoje é dia de Maria, 2003, numa das cenas Osmar Prado cantarolava e descobria que a menina Mariazinha havia morrido, nesse momento o Tec de som não percebeu e o som direto ficou totalmente distorcido, para desconforto do Tec de Som o diretor não fez um segundo Take daquele Plano, sendo assim o Take único foi utilizado e eu recebi o danado do som todo rui, mas bota ruim mesmo nisso. Durante a seção de edição de diálogos, sugeri ao diretor que fizéssemos o ADR, então o diretor levantou o tom de voz e disse “...não mexa no meu som direto sem me informar, dublagem acaba com a interpretação do ator, numa dublagem nunca se consegue a mesma interpretação na cena...” nesse momento disse OK, mas internamente disse, tá louco !!! tecnicamente consigo retratar o som de maneira muito mais assertiva e inteligível, mas depois refletindo entendi o que ele quis dizer, o momento da interpretação é único, assim os diretores sempre avaliam essa possibilidade de nunca autorizarem um ADR.
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SESSÃO DE GRAVAÇÃO
No minuto em que um diretor aprovar a lista de diálogos a serem substituídos, é hora de gravar.
Uma sessão padrão precisará de um gravador de som, diretor e ator. Pode haver mais pessoas necessárias, como assistente de gravação, uma equipe de criação da produção ou até mesmo um mixador, se ele ou ela quiserem se envolver. O ator sob a supervisão do diretor dará suas falas num estúdio próprio para ADR no qual possuí uma tela e microfones e tentará igualar o desempenho do dia da filmagem/gravação.
Às vezes, o diretor solicitará falas extras fora da tela, que também precisarão ser gravadas.
Pode ser uma situação estressante para o ator, já que a performance deve pelo menos coincidir com a original. Mas pode ser muito mais difícil entrar em um personagem no ambiente de estúdio.
Durante as filmagens, os atores estão no set com seus figurinos, adereços e toda a atmosfera torna a atuação mais natural e sem esforço.
Há muitas histórias de atores chateados saindo de sessões de ADR e brigando com seus diretores.
E você, engenheiro de som solitário, está preso no meio dessas discussões acaloradas.
EDITANDO
Após a sessão de gravação, é hora de editar.
Deve ser uma sincronização simples e limpar as pistas. A sessão final de ADR deve corresponder à imagem o mais próximo possível, sincronizado e timbradol. E você quer o áudio pronto para uma mixagem. É importante lembrar que haverá mais de um take de cada diálogo, e tudo isso você terá que editar e disponibilizar para o mixador. Editar ADR é um trabalho simples, desde que você se lembre de preparar a sessão ao gosto do mixador. Uma boa comunicação torna tudo muito mais fácil. Converse antes com o mixador e veja como ele gosta de receber as seções de ADR.
MIXAGEM
Após a edição, os diálogos regravados estão prontos para a mixagem. O diretor pode tentar diferentes tomadas e ouvi-las muitas vezes antes de tomar a decisão final. Frequentemente, a equipe precisará recorrer ao original, pois talvez o ADR não corresponda ao desempenho original.
A parte mais difícil será combinar a voz com a cena. É aí que a experiência compensa e é onde reside a diferença entre o profissional e o amador.
ADR pode não ser tão glamoroso e emocionante quanto outros elementos de pós-produção de SOM, mas geralmente é necessário para completar o projeto e deixa-lo com o som incrível.
Lembre-se!
Certifique-se de finalizar a lista de diálogos para ADR antes de iniciar a gravação. Não há nada pior do que mais uma linha faltando para gravar depois que o ator já saiu do estúdio.
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