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O SOM - MAIS com MENOS

MAIS com MENOS

Eduardo La Cava



Nesses tempos de pandemia, fui desafiado pelo meu trabalho a desenvolver soluções para gravações remotas de audiovisual sem o uso de equipamentos de ponta (high-end), já que os usuários finais seriam os atores que estariam em casa. Com toda a parafernália montada - cenário, figurino, cabelo, caracterização, câmera, luz e som - eles não teriam a expertise necessária para operar tudo da melhor maneira. Então, uma equipe de profissionais de áudio da qual faço parte discutiu por 3 intermináveis dias as soluções que pudessem atender a necessidade de produzirmos um conteúdo com som de qualidade, mas com poucos recursos.

Daí veio a primeira quebra de paradigma.

No conceito “menos é mais”, pensei inicialmente em trabalhar com o áudio do celular, que já gravaria também a imagem. Seria mais prático para a edição remota já termos inseridos, no material de vídeo, o áudio (embedge). Tudo no mesmo arquivo.

1º Ponto Contra:


O Microfone colocado no aparelho celular (Mic DJi Osmo) conta com uma certa direcionabilidade. Mas, devido à característica de sua cápsula, perde a sua eficiência a uma distância superior a 2 metros, limitando os planos dos diretores. Sobre esse ponto, gostaria de me estender um pouco e vou contar um caso. Dando liberdade e bolando soluções para os diretores criarem – e eles vão criando mesmo! – estava eu em uma gravação remota com planos totalmente abertos e com distância do ator para o microfone de mais de 5 metros. O que fazer? A solução que encontrei naquele momento foi utilizar outro celular para a captação do áudio!

Mas.... surge um novo problema: temos agora materiais gravados em dois suportes diferentes, um celular gravando IMAGEM e áudio guia e outro celular gravando ÁUDIO valendo, sem no nosso querido TimeCode para garantir o sincronismos em pós-produção. Decidimos então, voltar no tempo e usar a claquete para realizar o sincronismo na pós-produção. Dessa forma, foi possível realizar todos os planos desejados pela direção.

2º Ponto Contra:

Nos aparelhos escolhidos para gravação, as entradas de microfone e energia elétrica são as mesmas. Com o tempo, a bateria dos celulares descarregavam, o que ocasionou outra pesquisa para colocarmos um divisor ( Y ) na entrada de energia elétrica do celular e adaptar o microfone e o cabo de energia. Assim, garantimos a plena carga do aparelho e entrada de áudio externo.




Como já havíamos pensando em colocar um segundo telefone celular no set de gravação para gravar os áudios distantes do celular câmera, tive a grande sacada de renomear os arquivos de som para que, durante a edição remota, ficasse mais fácil a procura desse material. Criamos, então, arquivos com a seguinte nomenclatura:


CAP_CENA_TAKE.wav. Exemplo: 4040_32_T01.wav Capítulo 4040, cena 32, take 01.

Esse desenvolvimento deu certo e a edição conseguiu acelerar sua produtividade. Os resultados foram incríveis, me entusiasmando a escrever este artigo sob uma nova ótica, a de um olhar para o áudio (som direto) que eu nunca havia visto – o de fazer “Mais com Menos”. Decidi realizar um estudo de captação de som direto usando celulares como gravadores e ainda, usando microfones de baixo custo e médio custo, na faixa de 20,00 a 70,00 dólares. Para minha surpresa, os microfones de $20,00 a $30,00 dólares não tiveram uma boa qualidade de som captado e os aparelhos celulares com seus microfones inseridos nos head-phones garantiam uma melhor captação, tanto em locais com baixo ruído como locais com mais ruídos. Mas como tudo tem um limite, não dá para sairmos em uma rua movimentada e esperar que o áudio fique bom. Nesse caso, só dublando.

Mas os microfones de lapela com valores acima de $70,00 dólares até $280,00 dólares se saíram bem melhor do que os microfones dos aparelhos celulares ou os microfones inseridos nos head-phones que acompanham os aparelhos celulares. Nesse ponto, pensei - OK, vamos ver o que podemos fazer no interior dos apartamentos e casas onde eles efetivamente serão utilizados para gravarmos as cenas.

Foi aí que me deparei com a total inexperiência das pessoas com os conceitos básicos de som barulhento. Pois é, para muitos de nós as interferências sonoras não atrapalham. Nosso cérebro consegue “filtrar” ruídos e não os percebemos.

Porém, o mesmo não acontece com com os microfones, principalmente quando o nível de “barulho” está no mesmo nível sonoro da voz sendo falada. Tendo percebido isso, tive que exercitar novamente o trabalho de produção de áudio, tentando imaginar soluções dentro do pequeno quadro 16 x 9 mostrada pelo celular. Janelas abertas, porta de cozinha aberta, porta do corredor aberta, ar condicionado ligado, ventilador ligado, todos esses itens são geradores de ruídos que atrapalham o som direto e não conseguimos retirar na pós-produção. Assim mesmo, com microfones de baixo custo, pude ter sucesso fazendo tudo isso. Consegui resultados realmente incríveis.

O que interessa mesmo é o estudo e o exercício de soluções rápidas e efetivas, mesmo que não tenhamos elementos em mãos para solucionar. O exercício do pensamento em conjunto dá força e ânimo para vivermos nessa PANDEMIA...... Em breve falarei sobre como trabalhar no mundo Pós-PANDEMIA. Até! Cuide-se !!!!


 

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